Review: Cavalera - Schizophrenia

Dando sequência às regravações dos álbuns clássicos do Sepultura, Max e Iggor Cavalera disponibilizaram a versão repaginada de "Schizophrenia" (via Nuclear Blast). Originalmente lançado em outubro de 1987, o disco marcou a estreia do guitarrista Andreas Kisser na banda e representou um novo passo na carreira do grupo, que incorporou mais elementos de thrash em sua música e expandiu os horizontes para o sucesso que veio depois. 

Embora seja um clássico, é fato que a gravação original do álbum é bastante precária - para mim, era o mais difícil de escutar da trilogia inicial. Portanto, ter "Schizophrenia" com uma qualidade de produção, som e mixagem bem mais moderna e profissional é um ponto positivo. Mas, a grande questão aqui, para aqueles que acham a ideia dos irmãos Cavalera péssima, é a ausência da outra metade do Sepultura que ajudou a fazer de "Schizophrenia" o disco icônico que é.

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E essa é uma discussão sem fim. No entanto, mesmo tendo deixado a banda - Max no auge do Sepultura e Iggor algum tempo depois -, os irmãos Cavalera têm o direito de revisitar e celebrar a história que ajudaram a criar, homenageando-a com esses auto tributos. Da mesma forma, Andreas e Paulo têm o direito de colocar - e colocaram - um ponto final na história atual do Sepultura. 

Agora, para não me acusarem de ficar em cima do muro, eu acho interessante essa ideia de revisitar a história até certo ponto. É muito legal regravar os discos primitivos e tudo mais, mas se de repente surgisse a notícia de que vão regravar "Beneath The Remains", "Arise", "Chaos A.D" e "Roots", eu seria totalmente contra. Esses álbuns devem permanecer imaculados, intocáveis. Pelo bem da música e da história.

Enfim, vamos às músicas: clássicos, né? E clássico não se discute. Quando os Cavalera lançaram o primeiro single, 'Escape To The Void' foi nítido o upgrade aplicado em "Schizophrenia". O segundo single, 'From The Past Comes The Storms' confirmou a melhora no som. Aqui, além dos instrumentos estarem mais bem definidos, a timbragem elevou o nível de agressividade. Inegavelmente, o 'novo' soa mais brutal que o 'antigo.'

E aí o álbum segue com as pedradas 'To The Wall', 'Inquisition Symphony', 'Screams Behind The Shadows', 'Septic Schizo', 'R.I.P. (Rest in Pain)' e a inédita 'Nightmares of Delirium', que, embora não agregue em nada, também não compromete a obra original.

Até aqui, a empreitada dos irmãos Cavalera rendeu ótimos momentos de nostalgia. As regravações, que começaram com "Bestial Devastation/Morbid Visions", despertam o saudosismo e o afeto dos fãs que viveram e idolatram os primórdios do Sepultura. A história foi escrita e celebrada, e "Schizophrenia" é a trilha dessa nova festa.

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