Review: The Troops of Doom - A Mass to the Grotesque

Recentemente, assisti novamente à entrevista de Jairo "Tormentor" Guedz no videocast Amplifica, apresentado pelo guitarrista Rafael Bittencourt (Angra). Em determinado momento da conversa, durante uma aula sobre o gênero, Guedz foi categórico ao afirmar que, para tocar death metal, é preciso ter maldade. E essa maldade é palpável em "A Mass to the Grotesque" (via Alma Mater/Voice Music), o novo álbum do The Troops of Doom.

Produzido por André Moraes — conhecido por seu trabalho com o Sepultura em "Dante XXI" — e mixado por Jim Morris — que tem no currículo colaborações com Morbid Angel, Cannibal Corpse, Deicide, Death, entre outros —, "A Mass to the Grotesque" é uma obra-prima do metal extremo. Embora soe mais limpo e até mais melódico em comparação aos primeiros discos do The Troops of Doom, o álbum mantém a inalterada a essência maldosa do gênero.

Foto: Cissa Flores

Se em "Antichrist Reborn" a banda de Guedz (guitarra), Alex Kafer (vocal/baixo), Marcelo Vasco (guitarra) e Alexandre Oliveira (bateria) ainda bebia muito na fonte do antigo Sepultura, em "A Mass to the Grotesque" o quarteto resolveu ir além. Obviamente, a influência dos mineiros ainda está presente, mas é notável a ampliação da paleta sonora. Faixas como 'Denied Divinity' e 'The Impostor King' têm, por exemplo, o Slayer e o Behemoth como norte.

Para quem espera pelo Inferno na Terra, as faixas 'Chapels Of The Unholy' (esta lançada como primeiro single), 'Faithless Requiem', 'Terror Inheritance' e 'Venomous Creed' são prenúncios do caos. Recheadas de riffs maldosos, blast beats e os vocais assombrosos de Kafer, não é difícil imaginar que as pistas das casas de show onde a banda se apresentar se transformarão em um grande liquidificador humano. Não há muito o que fazer: é dar play e deixar o Mal agir.

Por outro lado, o disco também apresenta momentos "diferentes". Embora tenha como cerne o death/thrash da escola alemã, 'Dawn of Mephisto' possui arranjos mais melódicos, com riffs calcados no metal tradicional. Essa combinação confere à faixa um tom épico e matador. Outra música interessante é 'Psalm 7:8 – God of Bizarre', totalmente influenciada pelo Slayer mais cadenciado. Este é um claro exemplo do que Guedz disse a Bittencourt no Amplifica: "para fazer death metal, não é necessário ser rápido".

Em constante crescimento desde o lançamento do EP "The Rise of Heresy" (2020), o The Troops of Doom atinge o ápice com "A Mass to the Grotesque". A vasta experiência musical de cada um dos membros da banda garante que a chama da maldade continue acesa. E enquanto esses quatro músicos quiserem exaltar o Mal, eles certamente conseguirão.

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