Sound Classic: “Tales Of Terror” — Hallows Eve

Na década de 1980 o mundo acompanhava a explosão do metal com bandas e mais bandas surgindo nos quatro cantos do globo. Nos Estados Unidos, maior mercado de entretenimento do planeta, uma onda de nomes clássicos no estilo davam seus primeiros passos como Exodus, Metallica, Slayer, Megadeth, Anthrax etc. No meio de tantos nomes de peso e de uma cena efervescente, surgia o Hallows Eve.

A proposta do quinteto formato em Atlanta, na Geórgia, era tocar um metal pesado, velo, cativante e brutal, e isto ficou claro na primeira e única demo da banda lançada em 1984. O som praticado pelo Hallows Eve chamou atenção do selo Metal Blade Records que incluiu a música Metal Merchants na coletânea Metal Massacre VI.

Assim, o Hallows Eve assinou contrato com a Metal Blade e lançou, em julho de 1985, seu primeiro full-lenght intitulado Tales Of Terror.

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Não existe uma explicação lógica — pelo menos eu imagino que não — para um disco se tornar um clássico. Ele simplesmente NASCE. Evidente que uma série de fatores contribuem para isto, mas reafirmo meu pensamento de que ele simplesmente nasce. E este é o caso de Tales Of Terror.

Concebido pelos seres Stacy Andersen (vocal), Tommy Stewart (baixo), David Stuart e Skullator (guitarras), e Ronny Appoldt (bateria) — com Tym Helton tocando bateria nas duas últimas músicas — o disco é uma genuína aula de metal.

Sim, metal. Na concepção ampla do estilo, pois o Hallows Eve passou pelo thrash, speed, croosover — impossível ouvir algumas músicas e não associá-las imediatamente a bandas como English Dogs e Discharge — e NWOBHM. A banda pegou o melhor de todos os estilos em alta na época e, adicionando seu própria fórmula, conseguiu executar um álbum consistente do início ao fim.

O disco abre com a monumental Plunging To Megadeath com um speed/thrash pujante onde não bater cabeça chega a ser um ato criminoso de tão violenta e brutal que é esta peça de abertura. E aqui você já nota destaques individuais para Stacy com seus vocais versáteis dentro daquilo que ele se propõe e Tommy executando linhas de baixo para nenhum fã do instrumento colocar defeito.

A avalanche sonora segue com Outer Limits e a forte influência do croosover com o baixo de Tommy estalando, além de mais uma ótima performance vocal de Stacy. O refrão gruda de imediato! Horrorshow mantém a pegada da música anterior e prepara o terreno para The Mansion, que começa lenta numa balada torta, mas logo ganha velocidade. A música flerta com a calmaria e a brutalidade.

Mais uma vez o croosover se faz presente na curtíssima e eufórica There Are No Rules. Não seria nenhum exagero dizer que a instrumental Vally Of The Dolls figuraria fácil em qualquer disco lançado na Inglaterra durante a New Wave Of British Heavy Metal. Com mais um refrão para ser entoado a plenos pulmões e com muita influência de NWOBHM, Metal Merchants apresenta uma seção rítmica empolgante e riffs matadores.

Hallows Eve fecha o disco numa tentativa muito bem sucedida de a banda ter o seu épico. Mais uma vez calcada na NWOBHM, a música tem uma linha vocal clássica do estilo. É impossível ouvi-la e não querer meter uma calça rasgada, tênis branco, colete, por o pé no monitor de retorno e cantar imponentemente. Incrível!

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Esta pérola do metal old school estará disponível no mercado nacional via Hellion Records remasterizada por Patrick W. Engel. O relançamento, previsto para o final de janeiro, virá em um slipcase com encarte de 16 páginas e quatro bonus track.


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