Review: Blind Guardian - Somewhere Far Beyond (Revisited)

Originalmente lançado em 1992, "Somewhere Far Beyond" impulsionou a carreira do Blind Guardian rumo ao topo. O disco abriu as portas para a banda no competitivo mercado japonês e consolidou o grupo como uma referência do power metal. Agora, para celebrar as três décadas desse clássico, os alemães revisitaram o álbum e lançaram uma nova versão pela Nuclear Blast.

Antes de falarmos especificamente sobre o disco, vale uma rápida contextualização sobre o Blind Guardian naquela época. Inicialmente sob o nome de Lucifer's Heritage, a banda trocou de nome e assinou com a No Remorse Records para lançar três álbuns: "Battalions of Fear" (1988), "Follow the Blind" (1989) e "Tales From The Twilight World" (1990). O bom desempenho desses discos levou os alemães a assinar com a Virgin Records em 1991. Com uma gravadora maior, a banda deu seu passo mais ousado até então com "Somewhere Far Beyond".

Produzido por Kalle Trapp, o álbum já apresentava um Blind Guardian menos thrash/speed e muito mais refinado e técnico em relação aos trabalhos anteriores. Com 130 mil cópias vendidas, o disco foi um verdadeiro sucesso no Japão. A passagem da banda pelo país asiático rendeu o também clássico "Tokyo Tales" (1993), com sua icônica - e para muitos, a melhor - capa de um álbum ao vivo. 

Trinta anos depois, a banda estava pronta para celebrar o trigésimo aniversário do álbum quando a pandemia de Covid-19 embaralhou todo o planejamento. Contudo, mesmo com as turnês adiadas, o Blind Guardian manteve o plano e excursionou pela Europa, tocando "Somewhere Far Beyond" na íntegra. Empolgados com o novo fôlego das músicas durante os ensaios, a banda decidiu regravar e relançar o álbum.

Bem, parece que os Cavalera deram um novo ânimo para esse movimento de revisitar a própria obra e produzir um autotributo. Particularmente, tenho muitas ressalvas com relação a esse movimento. Embora alguns casos se mostrem necessários - como o dos Cavalera, que deram uma roupagem mais moderna para algo extremamente primitivo - outros, nem tanto. E acho que esse é o caso de "Somewhere Far Beyond".

Esta versão revisitada é boa, e o Blind Guardian de 2024 não deve nada ao de 1992. No entanto, na minha ótica, o produto final deixa a desejar. Continuo insistindo na questão da pasteurização do som, especialmente da bateria. Apesar do baixo ser inaudível nessa nova mixagem, as guitarras de André Olbrich e Marcus Siepen estão ótimas. O vocal de Hansi Kürsch, embora eu prefira o antigo, soa límpido. Mas a bateria... além do som ser ruim, falta o baterista que criou todas os arranjos. Em faixas como 'Time What Is Time' e 'The Bard's Song: The Hobbit', por exemplo, dá para perceber um monte de buraco sem o ataque nos pratos que fez toda a diferença na versão original. 

Como escrevi anteriormente, algumas regravações se justificam, outras não. Neste caso, acho que um relançamento luxuoso, com o álbum original remixado, cheio de bônus e material adicional, já seria suficiente para celebrar o trigésimo aniversário de "Somewhere Far Beyond". Por outro lado, é compreensível que o Blind Guardian queira celebrar um álbum clássico da sua discografia do jeito que a banda quiser. Mas, no fim, é tudo uma questão de gosto. E eu prefiro o original.

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