A versatilidade musical de Andre Matos e Sascha Paeth no Virgo

Andre Matos sempre foi um músico inquieto. Envolvido em inúmeros projetos, o maestro deixou um vasto legado musical fora das suas bandas regulares (Viper, Angra, Shaman e carreira solo). Neste artigo vamos abordar o Virgo, projeto criado junto com amigo Sascha Paeth e que completou 20 anos em 2021. 

Matos e Paeth se conheceram no início dos anos 1990 quando Andre foi para a Alemanha gravar o Angels Crydebut do Angra, e Sascha era um dos produtores. Ligados pela música, os dois criaram uma parceria e amizade que renderia muitos frutos dali para frente.  

Quis o destino que o Virgo ganhasse vida em um dos momentos mais conturbados da carreira do Andre, quando o músico deixou o Angra após a turnê do álbum Fireworks. Inicialmente o projeto seria lançado apenas como um single. A ideia era que, mediante a repercussão, um full pudesse ser gravado. Mas tudo mudou a medida em que as composições foram surgindo. 

"No começo a primeira ideia que a gente teve foi o seguinte 'Vamos lançar o single e esperarmos que vai dar se vai ter aceitação e tal'. Só que foram surgindo outras ideias e então começamos a falar: 'Não, esquece essa coisa de single! Isso não tem nada a ver e vamos partir pro disco completo!'", disse Matos em entrevista à Revista Dynamite nº 58.

Figuras lendárias dentro do power metal - Sascha era guitarrista do Heavens Gate -, o duo buscou distância deste estilo e trouxe uma musicalidade completamente diferente para o Virgo. Para quem gosta de rotular, o som da dupla pode ser classificado como pop rock. No entanto, tentar imprimir um rótulo no que se ouve no disco destoa da ideia do projeto: uma fuga dos estereótipos. 

Sem ficar preso a um estilo, a dupla lança mão de muita dramaticidade em To Be; mexe com emoções com a linda Take Me Home; traz um ar festivo pop rock/dance music na trinca Baby DollDiscovery e Street Of BabylonRiver aposta numa abordagem próxima da música gospel americana; e Blowing Away é o mais próximo do metal no disco - mas mesmo assim ainda muito longe. 

Andre vivia seu auge técnico no início dos anos 2000 e o Virgo foi uma amostra do amadurecimento completo do músico. Artista na mais pura definição da palavra, o vocalista encontrou em Sascha Paeth o parceiro ideal para mostrar toda sua versatilidade como cantor e compositor. Uma pena que, apesar da vontade de ambos, o Virgo nunca tocou ao vivo e não gravou nenhum outro disco.

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