Flowers Of Evil e o synph-pop melancólico dançante do Ulver

Com quase 30 anos de carreira a banda norueguesa Ulver chega ao seu ápice criativo com seu novo álbum Flowers Of Evil. Sucessor do não menos aclamado The Assassination Of Julius Caesar, o disco apresenta uma evolução musical natural e joga o Ulver de cabeça no synph-pop mainstream.

Ao longo da carreira, o quarteto norueguês passeou por diversos estilos e sempre deixou claro sua veia metamórfica, indo do primitivo black metal nos seus três primeiros álbuns, passando pelo experimental/jam/ambient/avant-garde nas duas primeiras décadas dos anos 2000 e chegando no já citado synph-pop atual.

Entretanto, apesar de Flowers Of Evil apostar em composições que soam de fácil assimilação para o ouvinte por adotar a fórmula verso-refrão-verso com destaque para o potente vocal de Kristoffer Rygg, o novo disco está longe de ser uma peça descartável e menos atraente que os álbuns mais abstratos e vanguardistas da banda. A estética musical característica do Ulver está aqui — mesmo que de forma mais sútil.

Enquanto em The Assassination Of Julius Caesar a banda cantava sobre a queda de Roma, o reinado de Nero e a Cidade Eterna em Chamas, Flowers Of Evil tem como temática lírica acontecimentos sombrios mais recentes, como crimes e corrupção.

Carregado de melancolia em suas letras e instrumental, o álbum nos convida para uma dança, mesmo que solitária e hipnotizante, como em Russian Dooll, o primeiro single; ou para realizemos “uma última dança nesta igreja em chamas” na música One Last Dance, que fala sobre os bombardeios atômicos no Japão no fim da Segunda Guerra Mundial.

Machine Guns and Peacock Feathers apresenta uma visão aterrorizante do mundo sendo consumido por chamas colocando fim, entre outras coisas, na “grande arte”. A música é calcada no ritmo disco transbordando sintetizadores como nos anos 1980.

Grande destaque do álbum, Apocalypse 1993 causa dualidade no ouvinte. A música mais empolgante e envolvente do disco com um Ulver pulsante e dançante versa sobre o Cerco de Waco, no Texas, em 1993 — ano que a banda foi formada.

David Koresh autoproclamado profeta e líder da seita Ramo Davidiano mantinha em um rancho seus fiéis seguidores — incluindo crianças — em cárcere privado. A polícia local negociava com Koresh uma rendição e libertação dos seus seguidores, mas o que aconteceu no Cerco de Waco foi uma grande tragédia.

Setenta e sete pessoas morreram — entre elas 20 crianças — após Koresh ordenar que o rancho fosse incendiado para evitar a entrada da polícia.

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Flowers Of Evil mantém o compromisso do Ulver com a arte refinada. Mesmo mais “acessível” que seus outros grandes trabalhos, o novo disco mostra-se extremamente satisfatório dentro da nova proposta artística da banda. Aqui, a expressão “passo natural” soa bem com relação a proposta dos Lobos.

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Para ouvir o disco clique AQUI.

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